sábado, 24 de agosto de 2013

Choque Cultural

O Choque Cultural é resultado das sensações de ansiedade, surpresa, desorientação, incerteza e confusão mental, que as pessoas sentem quando entram em contato com uma diferente e desconhecida cultura ou ambiente social. Esse primeiro contato com os aspectos dessa nova cultura pode gerar uma certa aversão moral ou estética.
E isso não é balela, gente. O Choque Cultural existe e pode ser muito forte. Tudo pode influenciar nesse sentimento: o clima, o fuso horário, os hábitos alimentares, o idioma e, principalmente, os valores que regem os modos de pensar e agir das pessoas. No início, tudo é novidade. Dessa forma, passamos por um estado de entusiasmo. Mesmo sentindo um pouco de dificuldade com o idioma, nos divertimos com algumas situações e cada descoberta se torna fascinante.
Em seguida, as diferenças deixam de ser tão fascinantes e passam a incomodar. Por exemplo, quando você tem que modificar o seu modo de se comportar porque não é adequado com o comportamento das pessoas do local. Mesmo possuindo conhecimento prévio sobre a cultura, não há como evitar o choque. É nesse momento que começamos a sentir falta da nossa casa, da família, dos amigos e da liberdade que temos em nosso país, afinal, conhecemos bem o lugar onde moramos, sabemos onde e a quem recorrer caso precisamos de alguma coisa. A sensação é que estamos começando tudo na etapa zero. Assim, bate um certo desespero.
Mas todo esse desespero passa quando começamos a nos adaptar. A universidade também nos adverte sobre todas essas etapas e está de portas abertas para nos auxiliar no que for preciso. Com o passar do tempo, percebemos que todas essas etapas nos proporcionam aprendizado e amadurecimento.
Ainda não me sinto um mexicano, mas espero chegar à fase em que estarei acostumado com todos os hábitos, costumes, culinária e, principalmente, o clima, sentindo que estou totalmente integrado à essa nova cultura.

Uma das primeiras coisas que me levaram ao choque foi a comida. A foto mostra minha primeira refeição num restaurante mexicano: enchilladas de pollo al mole (uma massa fina recheada com frango e um molho de pimenta). O sabor da pimenta mexicana é tão forte que te impossibilita se sentir qualquer outro sabor. De início, não queria pensar em comer comida mexicana mais, mas com o passar dos dias, fui conhecendo outros pratos e acostumando meu paladar. Mas não escondo que a comida brasileira, principalmente a minera, me faz muita falta.

domingo, 18 de agosto de 2013

Primeiros problemas

Como todo marinheiro de primeira viagem, muitas dúvidas rodeavam minha mente: como utilizar serviços bancários no exterior, seguro, entre outros. Fui ao banco diversas vezes, conversei com vários atendentes, mas, infelizmente, eles também nunca passaram por uma experiência no exterior e não são capazes de compreender nossa preocupação. E meu primeiro problema foi justamente com o banco.
Depois de enfrentar uma escala de 15 horas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde fui obrigado a gastar cerca de R$200,00 por motivo de sobrevivência. Ressalto aqui o abuso dos preços nos aeroportos. Uma refeição servida num pratinho de sobremesa e um copo de suco de laranja custam R$39,80. Um verdadeiro assalto. Para aguentar a escala de 15 horas paguei R$98,00 para dormir e tomar um banho.
Cheguei à Cidade do México com apenas R$150,00 na carteira. A primeira coisa que tentei fazer foi sacar algum valor em Peso Mexicano, pois certamente iria precisar de dinheiro. E então, a surpresa: não conseguia utilizar meu cartão em nenhum caixa eletrônico. Imediatamente pensei em procurar uma casa de câmbio e trocar os R$150,00 que me restavam e nenhuma casa fazia cambio de Real. Embarquei no voo para
Monterrey, sem nenhum valor em Peso, e quando aqui cheguei, outra surpresa: minha mala foi extraviada. Nada de desespero. A solução é procurar o guichê da empresa de viagens e tentar resolver o problema. Um momento como esse é uma prova que realmente nos comunicamos no idioma. Enquanto isso, encontrei uma casa de câmbio que aceitava nossa moeda. Foi o que me salvou. Em poucos minutos, minha mala foi localizada. Ficou na Cidade do México e me disseram que a trariam no próximo voo e que ia ser entregue em casa.
Em solo mexicano, agora eu acredito.
En suelo mexicano, ahora yo creo.
On mexican soil, I believe now.

Um aluno da universidade, conhecido como I-link, me buscou no aeroporto e me levou para a Casa Naranja, onde estou morando. Os alunos da  universidade prestam esse serviço aos intercambistas, nos ajudando no que precisamos. Eles são os I-links e nós os I-buddys.
Eu e David Caraveo, meu I-link.

Quando cheguei, devia estar fazendo 40 graus. Eu já sabia que essa época do ano faz muito calor aqui, mas experimentar a sensação é bem diferente do que apenas ouvir falar. Nunca senti calor como este no Brasil. Voltarei a falar do clima de Monterrey numa próxima postagem.

Vista aérea de Monterrey. Acho que dá pra imaginar o calor...

Quando chegamos na Casa Naranja, conhecemos três pessoas que já haviam chegado na casa e, agora são meus "roommates".  Logo em seguida, chegaram os proprietários da casa. Lemos o contrato e era necessário pagar adiantado. Expliquei o problema que ocorreu e me deram um prazo. Dois dias. Até segunda eu tinha que resolver esse problema.  Então, apenas com uma camisa e uma bermuda na mochila, o jeito foi esperar pela mala. Chegou tarde, mas chegou. Um banho gelado para aliviar esse calor e dormir. Nada mais para esse primeiro dia.
Ela chegou, estava dando uma volta na Cidade do México. Esperta!


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Preparativos para a viagem

Depois de uma semana que cheguei no México, começo a escrever no meu blog. Na verdade queria tê-lo feito antes, mas desde que aqui cheguei, tenho enfrentado alguns problemas. Normal, para quem sai do país pela primeira vez, e, no meu caso, estou saindo para morar por cinco meses.
Bom, muitos querem saber como e por que estou aqui. Como muitos sabem, faço o curso de Letras na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Em meu curso, estudo Língua Portuguesa, Inglesa e Literatura. Sempre gostei muito de literatura e idiomas, principalmente o Espanhol. O curioso é que esse interesse por esse idioma vem desde pequeno e nunca fiz aulas desse idioma.
Comecei a estudar sozinho, ouvindo canções de artistas latinos. Meu pai tinha uma coleção de dicionários que davam o significado das palavras em quatro idiomas: inglês, espanhol, italiano e francês. Porém, só era possível achar o significado da palavra a partir do português, ou seja, era necessário que eu entendesse o significado e, assim, conferir se minha compreensão estava correta. Depois, comprei meu primeiro dicionário Português-Espanhol e Espanhol-Português. A partir daí, fui completando minha biblioteca com gramática, livros, revistas, fascículos com CDs e DVDs. Infelizmente, na UFSJ não há licenciatura em Espanhol.
A UFSJ tem um programa interno de intercâmbio, o PAINT. Para participar é necessário ter seu Coeficiente de Rendimento (CR) acima de 75. Uma dica: também conta pontos ter desenvolvido algum projeto no decorrer de sua trajetória acadêmica, como Iniciação Científica, trabalho voluntário, estágios, entre outros. Depois que toda sua documentação é aprovada, é necessário fazer dois exames: uma redação e uma prova oral, ambas na língua do país que se almeja fazer o intercâmbio. O resultado saiu em dois dias, tudo foi muito rápido. Então, tive apenas dois meses para obter toda a documentação e comprar a passagem.
A documentação para a viagem consiste em: passaporte, visto e seguro de saúde. Par tirar o passaporte é necessário fazer um cadastro no site da Polícia Federal, imprimir um boleto, pagá-lo, voltar ao site e marcar uma data para ir ao posto escolhido. Sugiro fazer o passaporte com antecedência, pois em alguns postos podem demorar ter uma data disponível para o agendamento. O passaporte fica pronto em sete dias úteis e não é possível que outra pessoa o retire. Ou seja, tive que ir duas vezes à capital. Em seguida, tem que comparecer ao consulado para tirar o visto. No meu caso, o consulado mais próximo era no Rio de Janeiro, porém ficou pronto em um único dia. O que foi mais demorado para mim, foi contratar um seguro-saúde. Há vários, com diferentes coberturas e preços variados. É necessário pesquisar e contratar um que atenda todas as suas necessidades. Não precisei utilizar o meu ainda, por isso, ainda não me atrevo a indicá-lo. E espero não precisar utilizá-lo!
Documentos prontos, é hora de arrumar as malas. Há alguns itens que não podem ser levados em bagagem de mão. Eu não tive problemas quanto a isso, mas quando pesquisei, pensei que os mesmos objetos, como perfume, não poderiam ser levados nem na mala que vai ser despachada. Resultado, deixei muitas coisas em casa e tive que comprar tudo quando cheguei.


Consulado Mexicano no Rio de Janeiro.