140 dias se passaram e a aventura termina aqui. A ideia de criar um blog para descrever tudo o que estava vivendo e aprendendo falhou. Escrevi pouco e não foi por preguiça ou falta de tempo. É que às vezes me faltaram palavras para descrever a grandiosidade de tudo o que vi, de um cheiro ou gosto que senti, das situações que vivi... O tempo foi curto, mas suficiente para desfrutar intensamente do aprendizado que esse país me proporcionou. Aprendizado que, certamente, mudará para sempre minha vida não só acadêmica ou profissional, como também a vida pessoal.
Foram muitos caminhos percorridos para descobrir as maravilhas do México: 16 cidades e 8 estados. Os números me surpreendem ao levar em consideração o tempo que vivi aqui.
Guanajuato.
San Miguel Allende.
Real de Catorce.
Cuatro Ciénegas.
Ciudad de México (DF).
Museo de Antropologia.
Basílica de Guadalupe.
Teotihuacan.
Museo Frida Kahlo.
Cancun.
Chichen Itza.
Diante da impossibilidade de descrever esse país que me encanta, faço minhas as palavras de Érico Veríssimo:
"O melhor é caminhar, beber o México, absorver o México, pelos olhos, pelos poros, no ar que respiramos, nas vozes que ouvimos, nos cheiros que nos entram pelas narinas - gasolina queimada,pó de asfalto, tortilla, frituras, fragrância de flores e ervas... Para diante! Talvez mais tarde possamos encontrar a palavra exata. Por enquanto, contentemo-nos com anotar a lápis, em rápidos esboços, as imagens e cenas que se nos apresentam, para um dia, com audácia e amor, pintar o grande mural do México. Um dia ou nunca." (p. 41)
"A luz é mágica. No México ninguém se dá o trabalho de procurar ângulos raros, porque todos os ângulos são raros. Feche os olhos, asseste a câmara ao acaso e aperte o obturador. Isso! Pode estar certo de que tirou uma fotografia artística. Não conheço país mais pictórico que este. Os fotógrafos celebram aqui o grande festim de suas vidas. Os pintores ficam alucinados diante destas pessoas, paisagens e naturezas mortas. O México poreja drama. Aqui até as frutas se parecem com a gente que as cultiva e consome e com o solo que as produz." (p. 153)
"Quantos anos precisarei para digerir o México? Quantas vidas devia viver para compreendê-lo? Mas um consolo me resta e basta. Não preciso nem de mais um minuto para amá-lo." (p. 302)
Levando comigo toda a carga que adquiri no México, posso dizer que não sou mais o mesmo Richard que saiu do Brasil. Agora sou um pouco "Ricardo", como os mexicanos me chamavam. Um brasileiro-mexicano. Antes sentia falta do Brasil, agora já sinto saudades do México. E como diz a canção, "me despido de ti y me voy". Não irei dizer "adiós", mas sim um "hasta luego!"